terça-feira, 23 de outubro de 2007

"A vida apenas, sem mistificação."

[Por Bruna Duarte]

Ok, as pessoas de maneira geral me irritam.
O que se passa na mente de alguém que pergunta o porquê de o trem não passar por cima dos sem-terra que invadiram a E.F. Carajás ?! Chega a ser engraçado a professora citando os direitos humanos e a "falta de necessidade" se não fosse trágico.

Tudo bem, tudo bem... eu sei que qualquer coisa me irrita, ou quase qualquer coisa. Mas não sou tão ranzinza assim, tenho também meu lado bem humorado e palhaço (não necessariamente engraçado) .
Uma coisa que tem me incomodado é não poder fazer meus projetos, deixar eles literalmente na gaveta não é legal. E daí né?! Por que diabos tô escrevendo isso?!

Os ombros suportam o mundo - Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossege e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu gosto do seu lado palhaço. Hahaha... E ficou legal essa foto :]