segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Para Li...


Tem horas que a gente se surpreende, surpreende por pessoas especiais surgirem de lugares inesperados, e ficarem, enquanto pessoas que achávamos que iriam estar ali sempre, somem... e o pior, passam a nem fazer falta.
Somos praticamente gêmeas (A-HAM hahaha). Aturamos as chatices uma da outra; somos frustradas, não fingimos que a vida é um conto de fadas, e odiamos quem o faz; somos rabugentas, às vezes um pouco cruéis e sem noção; completamente intolerantes no que diz respeito à estupidez; mas também somos muito legais (quando estamos com vontade). Ela ainda vai ser produtora musical, e eu ainda vou fazer meus filmes.
Não temos o mesmo gosto para tudo, mas é o suficiente para nos darmos bem. Sem contar que não toleramos simpatia por conveniência, ou seja, se a gente se odiasse, a gente saberia.
Boboca, se anima!! Nem que amanhã a gente compre um pote gigaaantee de Haggen-Daz e depois subimos a Augusta a pé pra queimar tudo xD.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Como a areia de fim de tarde.

[Por Daniel Duarte]

Sentada no banco olhava para o mar e o céu avermelhado. Era como se houvesse uma chama no encontro dos dois.
Ela podia sentir o calor do fogo queimando em sua face, enterrava seus dedos na areia úmida e gelada de fim de tarde. A sensação do frio em seus pés ao mesmo tempo em que sentia pequenas gotas de suor escorrendo em sua nuca lhe agradava, não sabia exatamente o motivo, mas parecia que algo naquilo a acalmava, como se cada gota e cada calafrio levassem suas preocupações embora.
Imaginava aonde estaria dali alguns meses, até alguns anos... Tinha pressa de saber se seus planos dariam certo, se sua vida seria como queria que fosse, ao menos em parte. Podia ver o futuro, como fotografias ainda por serem tiradas, uma a uma sendo reveladas em sua mente, uma previsão imprecisa, mas lhe dava belas imagens. Tinha essa mania de imaginar as coisas como se fossem fotografias, era um passatempo quando queria fugir do mundo ao seu redor, isso quando não criava seus diversos mundos metalmente, mundo por vezes comuns, por vezes estranhos. Algumas horas sabia que sua ansiedade lhe fazia imaginar coisas demais, pressionava demais a si mesma.
Porém, começou a se lembrar do toque dele, do carinho, dos risos espontâneos em cumplicidades, e então soube que enquanto o tivesse ao seu lado teria para sempre a sensação da areia gelada entre seus dedos e do calor no rosto, ouvindo o barulho silencioso do mar.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

"A vida apenas, sem mistificação."

[Por Bruna Duarte]

Ok, as pessoas de maneira geral me irritam.
O que se passa na mente de alguém que pergunta o porquê de o trem não passar por cima dos sem-terra que invadiram a E.F. Carajás ?! Chega a ser engraçado a professora citando os direitos humanos e a "falta de necessidade" se não fosse trágico.

Tudo bem, tudo bem... eu sei que qualquer coisa me irrita, ou quase qualquer coisa. Mas não sou tão ranzinza assim, tenho também meu lado bem humorado e palhaço (não necessariamente engraçado) .
Uma coisa que tem me incomodado é não poder fazer meus projetos, deixar eles literalmente na gaveta não é legal. E daí né?! Por que diabos tô escrevendo isso?!

Os ombros suportam o mundo - Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossege e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

E a Roberneide aparece...

Bruna diz: ha,sabe o q eu fiz hoje? olha que mongol
less than tiago diz: lá vem
Bruna diz: pousou um bichinho na minha apostila no meio da aula
Bruna diz: aííí... eu comecei a contar as patas/ antenas/ asas/ segmentações do corpo pra ver de qual classe de artrópodas que era
less than tiago diz: logo na primeira msg eu já imaginei que seria isso
less than tiago diz: auahuhuahuauhauhaha
Bruna diz: isso isso mesmo?! como?!
less than tiago diz: qndo vc falou q pousou um bicho,aí eu já pensei "certeza que ela fez a ficha do bicho mentalmente" haha
Bruna diz: hahahahahahahahhaa
Bruna diz: estou muito previsível
less than tiago diz: num é previsivel. hahaha. É que a gente tava conversando sobre isso
Bruna diz: agora?! não neh? não tô tão louca assim... não pode ser...
Bruna diz: ahhh...da estrela-do-mar neh?! UIAHiuaHUIAiuAHUIAHuiA
less than tiago diz: sim huahuahua
less than tiago diz: brubs?! alou?! tem alguém aí?! tudo bem?!
less than tiago diz: *pondo a mão na testa pra ver se tá quente*
Bruna diz: IUHAiuahAIUhaUIHAuiaHUIAHuiahUIA :x
Bruna diz: não sei se tem alguém não... quer deixar recado?? pode deixar que eu aviso quando chegar, viu?
less than tiago diz: bom, fala pra ela nao se ausentar tanto
less than tiago diz: ahuhauuhauha
Bruna diz: pode deixar, aviso sim, e o senhor é..??
less than tiago diz: Galli, Tiago Gallio
less than tiago diz: sem o o
Bruna diz: pode deixar seu Gallo... eu avisa ela sim... só num sei quando ela chega não viu...
less than tiago diz: ok,sem pressa. E quem é o bonequinho fofão?!
Bruna diz: bonequinho fofão?! qué isso oxi?! não sei de nada não... a dona Bruna não me avisou nada de bonequinho fofão, seu Gallo
less than tiago diz: ah sim. E com quem eu tô falando?!
Bruna diz: é a Roberneide!mais algum recado senhor??
less than tiago diz: acho que não, Roberneide. Qualquer coisa eu procuro a Bruna mais tarde, ou amanhã. Ela já deve tá dormindo
Bruna diz: sim sinhô... eu não fui lá olhar no quarto dela não, a patroa num gosta que eu fique entrando assim sabe, por isso não sei dizê se ela tá ou não, mais eu avinso que o sinhô ligou, pódexá...
less than tiago diz: Roberneide, e por acaso a dona Bruna sabe que você tá usando o computador, Roberneide?!?!
Bruna diz: vixi maria... sabe não seu Gallo, mas é que eu precisava ver uma coisa pro meu menino tendesse? i num quis incomodá a dona Bruna, mas aminha eu cunto pra ela sim...
less than tiago diz: Roberneide, eu aposto q você tá lendo o capítulo da novela, Roberneide. Você sabe o que a dona Bruna vai fazer se souber disso, né?!
Bruna diz: oxe, aquela muié é maluca, sabi, num é por nada não, ela é mto boa pra mim sabe? mas ela é meiu doida nénão?
less than tiago diz: não senhora, Roberneide. Dona Bruna é muito responsável, sensata e... e... e.. e mais alguma coisa...legal...
less than tiago diz: você não devia estar por aí sem a permissão dela...
Bruna diz: dinsculpe sinhô, tô indo já pro meu quartinho viu, podi fica tranquilo
Bruna diz: dei um cochilo... perdi alguma coisa Ti??
less than tiago diz: opa, hey brubs! perdeu nada não
Bruna diz: ah, que bom...
less than tiago diz: sua empregada é uma figura, meu!!! uma figura.. tava aí no pc se interando das novidades do mundo artístico
Bruna diz: jura?! mas que folgada essa Roberneide meu! bem que eu estranhei que quando eu cochilei o youtube tava aberto num video do brandon boyd, aí quando voltei agora tava umas fotos do Tiago Lacerda de cuequinha aqui meu.... achei que tava ficando louca
less than tiago diz: e eu achando que ela tava simplesmente querendo saber o final da novela
Bruna diz: vê só?! mó danada meu!vou ter que colocar senha aqui, porque desse jeito num dá...
less than tiago diz: mãe solteira né, mora sozinha...
Bruna diz: Po, no meu pc não, né?!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Prazer, sou a chata.

Alguém pode me dizer se é normal se achar estranha freqüentemente?! Porque estou começando a achar que tem algo de errado comigo.
Cheguei a conclusão de que eu sou chata demais, é, sou mesmo, assumida e pronto. Algum problema com isso? Azar o seu.
Assim, paciência não é a maior das minhas virtudes. Aliás, tem horas que eu me pergunto por quê a minha gosta tanto de tirar férias sem me avisar. Quer algo que me deixe mais sem paciência ainda? As pessoas se divertirem com a ausência dela em mim, juro que não entendo isso.
Eu não gosto da maioria das coisas que todas as pessoas gostam, pelo menos as pessoas consideradas normais da minha idade. Não gosto de baladas; não gosto das músicas que todo mundo ouve e estão "na moda"; não me visto idêntico a todo mundo; não gosto de pessoas que querem aparecer por qualquer motivo que seja; não gosto de pessoas que têm 20 anos e agem e falam como se tivessem 12, uma coisa é manter seu lado infantil, outra é SER criança; não gosto de pessoas que são "amigos de lua", amigo é amigo sempre e ponto: não julga, não fode, não xinga pelas costas; não gosto da alienação do mundo; não gosto de quem se acha inteligente demais e que não tem nada a aprender com ninguém; não gosto de quem acha que tá sempre certo; etc etc etc.
É, sou chata, mas sou uma chata com convicções, que considero não serem de todo mal. Um pouco inflexível? Depende, tudo é possível com os agumentos certos, só não sou tão fácil de se levar. Difícil? Sim, mas para quem me conhece mesmo sabe que não é tudo tão extremo assim.
Estou ficando cada dia mais louca, acho que é todo o stress. Pra ter idéia, minha mãe foi pra Paraty no feriado, me trouxe um colar que tem o desenho de uma estrela-do-mar, olhei, falei "que bonito!" e comecei a pensar "é um equinodermo, sem sist. excretor, com digestão e locomoção por sist.ambulacrário...". Onde minha mente vai parar?!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Ócio.

[Carson McCullers and George Davis, 1946. CARTIER-BRESSON, Henri.]

Por maiores que sejam nossas preocupações, nossas angústias e nossa falta de tempo devido à nossa rotina, é sempre bom reservar um momento para deixar o mundo para trás e simplesmente aproveitar a vida.
Tem pessoas que se levam a sério demais, e deixam morrer o lado espontâneo, alegre e divertido. Do mesmo jeito que tem pessoas que acham que a vida é só diversão o tempo inteiro. O complexo é encontrar o equilíbrio entre a seriedade e a espontaneidade nos nossos dias.
Saber admirar as coisas ao nosso redor, se comover com as mazelas do mundo, e ainda se divertir com uma besteira qualquer. De tempos em tempos nos concentramos em apenas um desses aspectos e se torna difícil lembrarmos dos outros, mas é um esforço que vale a pena.
Às vezes, deixar o mundo para trás também significa nos distanciar da nossa própria vida para avaliá-la, refletir sobre o que tem que ser mudado, o que deve continuar, fazer novos planos... Porque, sim, o ócio pode ser produtivo, ainda mais com boas companias.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Subúrbios do Sistema.

[Invasão por camponeses sem-terra. Paraná, Brasil, 1996. Sebastião Salgado]

"A chuva que irriga os centros de poder imperialista afogas os vastos subúrbios do sistema. Do mesmo modo, e simetricamente, o bem-estar de nossas classes dominantes – dominantes para dentro, dominadas para fora – é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga."
Eduardo Galeano.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

"A gente quer ter voz ativa"



[Passeata dos Cem Mil, 26 de junho de 1968, Rio de Janeiro]


Tem dias que a gente se sente/Como quem partiu ou morreu/A gente estancou de repente/Ou foi o mundo então que cresceu/A gente quer ter voz ativa/No nosso destino mandar/Mais eis que chega a roda-viva/E carrega o destino pra lá/Roda mundo, roda-gigante/Roda-moinho, roda pião/O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração/A gente vai contra a corrente/Até não poder resistir/No volta do barco é que sente/O quanto deixou de cumprir/Faz tempo que a gente cultiva/A mais linda roseira que há /Mas eis que chega a roda-viva/E carrega a roseira pra lá/ Roda mundo, roda-gigante/Roda-moinho, roda pião/O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração/A roda da saia, a mulata/Não quer mais rodar, não senhor/Não posso fazer serenata/A roda de samba acabou/A gente toma a iniciativa/Viola na rua, a cantar/Mas eis que chega a roda-viva/E carrega a viola pra lá/Roda mundo, roda-gigante/Roda-moinho, roda pião/O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração/O samba, a viola, a roseira/Um dia a fogueira queimou/Foi tudo ilusão passageira/Que a brisa primeira levou/No peito a saudade cativa/Faz força pro tempo parar/Mas eis que chega a roda-viva/E carrega a saudade pra lá/Roda mundo, roda-gigante/Roda-moinho, roda pião/O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração

Chico Buarque de Holanda - Roda viva

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Realidade.

[Vidas Secas - Nelson Pereira dos Santos]

Há quem diga que é repugnante, eu chamo de realidade.
E ignorar e tentar esquecer é ignorar a si próprio.
Segregacionismos nunca foram positivos, e não será agora que se tornarão.

Sei que quem deveria não vai ler, mas sempre pode servir pra outros.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Cores aos objetos.

[Evgen Bavcar - fotógrafo esloveno, cego desde os 11 anos de idade]

"Quando discernia ainda alguns bocados de luzes e de cores. estava feliz porque via ainda: guardo a lembrança muito viva desses momentos de adeuses ao mundo visível. Mas a monocromia invadiu minha existência e devo fazer um esforço para conservar a paleta das nuanças, para que o mundo escape à monotonia e à transparência. Dou cores aos objetos, às pessoas que apreendo: conheço uma mulher cuja voz é tão azul que ela consegue colocar o azul sobre um dia que sei ser cinza de outono.
Encontrei um pintor que tinha voz vermelho-escura, e o acaso quis que ele gostasse dessa cor... O que vem a ser portanto um olhar? É talvez a soma de todos os sonhos, cuja parte de pesadelo se esquece, quando a gente pode pôr-se a olhar diferentemente..."
Evgen Bavcar.

E quantas não são as pessoas verdadeiramente cegas que vagueiam pelo mundo achando que tudo vêem.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Filhos do Regresso

Até que ponto essas crianças são diferentes? Até que ponto são semelhantes?
Até que ponto somos responsáveis?
Até que ponto sua inocência sobrevive?
O que é causa? O que é conseqüência?
O que elas compartilham além do mesmo mundo?
Até quanto conseguimos olhá-las sem nos sentir incomodados? Incomodados com nós mesmos, talvez.
Incomodados pela nossa impotência? Ou pela nossa conivência?
Mundos distantes? Menos do que imaginamos.
Filho do progresso... quem sabe do regresso.
Esperanças mortas, ou apenas adormecidas?
Muitas perguntas sem resposta? Quem sabe lhe falta enxergar algo... ou sair dessa bolha que você chama de mundo.