quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Como a areia de fim de tarde.

[Por Daniel Duarte]

Sentada no banco olhava para o mar e o céu avermelhado. Era como se houvesse uma chama no encontro dos dois.
Ela podia sentir o calor do fogo queimando em sua face, enterrava seus dedos na areia úmida e gelada de fim de tarde. A sensação do frio em seus pés ao mesmo tempo em que sentia pequenas gotas de suor escorrendo em sua nuca lhe agradava, não sabia exatamente o motivo, mas parecia que algo naquilo a acalmava, como se cada gota e cada calafrio levassem suas preocupações embora.
Imaginava aonde estaria dali alguns meses, até alguns anos... Tinha pressa de saber se seus planos dariam certo, se sua vida seria como queria que fosse, ao menos em parte. Podia ver o futuro, como fotografias ainda por serem tiradas, uma a uma sendo reveladas em sua mente, uma previsão imprecisa, mas lhe dava belas imagens. Tinha essa mania de imaginar as coisas como se fossem fotografias, era um passatempo quando queria fugir do mundo ao seu redor, isso quando não criava seus diversos mundos metalmente, mundo por vezes comuns, por vezes estranhos. Algumas horas sabia que sua ansiedade lhe fazia imaginar coisas demais, pressionava demais a si mesma.
Porém, começou a se lembrar do toque dele, do carinho, dos risos espontâneos em cumplicidades, e então soube que enquanto o tivesse ao seu lado teria para sempre a sensação da areia gelada entre seus dedos e do calor no rosto, ouvindo o barulho silencioso do mar.

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