sexta-feira, 5 de outubro de 2007

"A gente quer ter voz ativa"



[Passeata dos Cem Mil, 26 de junho de 1968, Rio de Janeiro]


Tem dias que a gente se sente/Como quem partiu ou morreu/A gente estancou de repente/Ou foi o mundo então que cresceu/A gente quer ter voz ativa/No nosso destino mandar/Mais eis que chega a roda-viva/E carrega o destino pra lá/Roda mundo, roda-gigante/Roda-moinho, roda pião/O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração/A gente vai contra a corrente/Até não poder resistir/No volta do barco é que sente/O quanto deixou de cumprir/Faz tempo que a gente cultiva/A mais linda roseira que há /Mas eis que chega a roda-viva/E carrega a roseira pra lá/ Roda mundo, roda-gigante/Roda-moinho, roda pião/O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração/A roda da saia, a mulata/Não quer mais rodar, não senhor/Não posso fazer serenata/A roda de samba acabou/A gente toma a iniciativa/Viola na rua, a cantar/Mas eis que chega a roda-viva/E carrega a viola pra lá/Roda mundo, roda-gigante/Roda-moinho, roda pião/O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração/O samba, a viola, a roseira/Um dia a fogueira queimou/Foi tudo ilusão passageira/Que a brisa primeira levou/No peito a saudade cativa/Faz força pro tempo parar/Mas eis que chega a roda-viva/E carrega a saudade pra lá/Roda mundo, roda-gigante/Roda-moinho, roda pião/O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração

Chico Buarque de Holanda - Roda viva

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